Acabo de ler sobre a morte de Dener Pacheco, jovem, 25 anos, com um futuro brilhante pela frente. Morreu inesperadamente; sentia dores, foi internado e faleceu, foi rápido, veemente e sem trombetas.
Daqui a pouco já fazem 24 horas, e a vida continua, os familiares e amigos mais próximos choram, mas a luta diária prossegue aqui na Terra, não adianta se lamentar, não há retorno...
É, mais uma morte.... No Reveillón meu professor de matemática, semana passada a avó de uma amiga, anos atrás meu pai, meu avô, meus antepassados. Amanhã será você, será ele, será eu.
Ás vezes é difícil e melancólico dizer uma coisa assim, mas não temos escolha, não somos sementes, não brotamos, não somos Fênix. Somos Seres Humanos, e como tal, somos mortais, pecaminosos e superáveis.
Como já dito, a morte é esperada, pode demorar décadas, mas chega. Isso é imutável, não há novidades. O que me atrai é a postura que as pessoas tem quando alguém morre. Vagabundos, capetas e bandidos viram santos, tudo parece diferente, o passado se transforma à medida da descida do caixão. "Aquele traste" torna-se "aquele bom e amável senhor", e vice-versa.
Outra questão interessante é como grandes homens da nossa história entendem a morte:

"A morte do homem começa no instante em que ele desiste de aprender."
(Albino Teixeira)



"Nesse mundo, nada é certo alem da morte e dos impostos."
(Benjamin Franklin)



"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."
(Friedrich Nietzsche)


Meu ponto de vista se diferencia neste momento, ele resume-se no homem enquanto vivo (depois de morto, só é digno de reflexão), enquanto ainda tem a capacidade de sonhar e realizar. Depois que morremos, as pessoas falam que poderíamos ter feito grandes coisas, realizado grandes obras e mudado parte do mundo, falamos isso, eu falo isso. Mas nunca pensamos ou tentamos trazer esta experiência às nossas vidas, e muito menos chegamos à conclusão de que o nosso dia chegará.

É neste ponto que eu me situo neste momento: estamos respirando e realizando coisas fúteis e inadmisíveis todos os dias, brigamos, discutimos, cortamos laços de amizade, somos falsos e mentirosos, arrogantes e prepotentes, agimos como se fôssemos o quinto elemento da sociedade, e embora errados, não aceitamos correções. Por instinto maltratamos a natureza e destruímos nosso hábitat, vivemos à custa de máscaras e falsas identidades e nos sacrificamos para fazer parte de um grupo social que não nos pertence, somos regidos, usados e abusados pela mídia, e por aquilo que uma minoria rica e dominante julga correto, não expressamos nossos sentimentos por medo de contestações e ainda sofremos pela falta de objetivo. Passamos a mocidade sonhando e "curtindo", male-male traçamos nossos destinos, construímos uma porcaria de futuro e muitas vezes nos sentimos felizes com tamanha desgraça. Chegamos à velhice com complexos de saudade e desilusão e partimos desta vida rodeados de choro e poemas.
E nossos descendentes continuam vivos, para darem continuidade a este círculo de vida tão deprimente.

O dia de hoje está aí, seu livre arbítrio está em auge e suas decisões são parte da sua história -a outra parte cabe ás consequências- você está sentado em frente a um computador e quem sabe, pensando na morte da bezerra enquanto lê este texto.

Mas ouça-me amigo: ao se levantar desta comodidade, não seja a mesma pessoa previsível de antes, dê um novo sabor à sua biografia e aprenda a dar valor às pessoas que te amam e necessitam de você para sobreviver. Mas corra, compense o tempo perdido, os segundos não se submetem às nossas ações. 


Viva e seja feliz, um dia compreenderá que o resto é ILUSÃO !!

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5 comments to “Mais uma morte...”

  1. Isaac,
    tudo bem que, pelo que diz aí, você já passou pela morte de seu pai, de seu avô, não sei se em idade para compreender, vivenciar conscientemente e lembrar, mas você fala de forma tão dogmática e definitiva, dá conselhos como se fosse um matusalém. Será que, quando ela, a ceifadeira, estiver bem perto de você, sua impressão sobre ela não irá se modificar? Livre arbítrio? será que isto realmente existe? será que retirando-se todos os condicionamentos genéticos, sócio-culturais, vida intrauterina etc... sobra tanto assim? meu abraço pela coragem de abordar um tema que deveria ser natural, mas não é.

  1. Angela,
    desde sempre eu tenho uma opinião formada sobre a questão MORTE.
    Humm... tocou num ponto estratégico: "quando ela estiver bem perto de mim", olha, quando isso acontecer eu espero já ter realizado grande parte dos meus sonhos -ou todos-, mas se porventura for antes disso, eu não mudarei de opinião.
    Até porque está para nascer a pessoa que consiga vencer a morte, alguém que trave com ela uma luta e conquiste a imortalidade.
    Eu não dou conselhos dogmáticos, apenas ressalto que não vale a pena chorar e se lamentar a vida inteira por um falecido, quando isso só lhe trará prejuízos.
    Mas se uma pessoa prefere isso, é como disse Jean Paul Sartre: "cada um escolhe seu próprio caminho".

  1. Em que obra J.P. Sartre disse isto?

  1. 'desde sempre eu tenho uma opinião formada sobre a questão... '
    esqueci que vc podia ouvir Raul Seixas e se parecer mais com uma metamorfose. Iria ser bem mais interessante e, talvez, sábio!
    só para lembrar:
    'Eu prefiro ser
    Essa metamorfose ambulante
    Do que ter aquela velha opinião
    Formada sobre tudo'

  1. Isaac,
    Ontem mesmo estava pensando sobre a morte, realmente ela é inevitável e contra ela não podemos fazer nada.Fiquei por momentos me questionando, se tudo o que eu faço vale a pena, pois afinal vamos morrer e depois já era.entretanto na vida acredito que tudo vale a pena enquanto estivermos vivos, precisamos lutar e conquistar a nossa felicidade, todos os momentos, todos os dias...até o dia D.
    Bjks adorei seus textos, vc como sempre tem uma criatividade heim, feliciadade.